O Grande Circo Místico
O moderno musical brasileiro, O Grande Circo Místico, é um filme...
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Cacá Diegues - Jornal O Globo - 08 de setembro de 2024
Cazuza — Foto: Divulgação
'Antigamente era mais fácil você ser de direita ou de esquerda, ser careta ou ser doidão, as coisas eram mais definidas', disse Cazuza
A gente precisa aprender a dar o devido valor aos poetas, músicos, cineastas, inventores, animadores etc. que nos antecederam. Àqueles que, tendo sido simultâneos ou anteriores a nós e ao que nós fizemos, tenham colaborado de algum modo com não deixarmos que, apesar de tudo, a cultura do país se tornasse um saco de qualquer coisa como queria a ditadura dos políticos e dos militares que haviam tomado conta do Brasil.
Isso inclui Cazuza, poeta e compositor que acaba de ter sua vida lembrada e sua obra publicada por meio de dois belos livros que já circulam por aí. Esses livros, editados por Lucinha Araújo e Ramon Nunes Mello, falam da vida difícil e dos poemas e canções deixados por um jovem que, com 32 anos de idade, morreu vítima de Aids, a praga da época, em 1990.
Mal conheci Cazuza. Tive apenas dois ou três encontros com ele. No primeiro, ele foi nos levar a canção de “Um trem para as estrelas”, filme que havia pouco tínhamos terminado, com Guilherme Fontes fazendo o jovem saxofonista que teria composto a canção que se tornara tema do filme. Fiquei muito e inutilmente impressionado com ele e sua força pessoal, mas Cazuza não deixou que me aproximasse dele, nem de sua belíssima canção. Achei até natural seu comportamento, tive a impressão de que defendia (ou quem sabe protegia) sua obra de mãos estranhas a ela. Mais tarde, quando lesse o roteiro ou visse uma versão do filme pronto, ele entenderia melhor a canção e o que desejamos dizer com ambos.
Fiquei muito tempo sem encontrá-lo, a não ser em ocasiões menos comprometidas com missões artísticas ou políticas como aquela.
Uma noite, Caetano Veloso me convidou para jantar no antigo Antonio’s quando já corria a história de que Cazuza tinha sido desenganado pelos médicos especialistas de Boston. Esse não era o tema de nosso jantar, mas seria impossível ignorá-lo sobretudo estando onde estávamos.
O fato é que o telefone tocou e Cazuza explicou que chegava logo. Caetano ficou surpreso como eu.
Lembro-me perfeitamente do aspecto de Cazuza ao chegar ao restaurante — estava mais magro e abatido, a palidez de seu rosto não tinha nada a ver com sua fama de praieiro, com as notícias na imprensa de que não saía da praia desde que havia voltado dos Estados Unidos e se instalado na casa de Lucinha e João Araújo em frente ao mar e retornado aos banhos de sol.
Cazuza falava com o estilo da época em relação aos que apesar de tudo se faziam entender por seu público. Confesso que tenho a impressão de ter sido grosseiro e pedido a Cazuza que não fosse tão daquele jeito intempestivo.
Hoje, quem sabe, encontraria um jeito de lhe falar como Zuenir Ventura, o genial autor de tese sobre a “Cidade partida”: “Ele lutou uma luta perdida como se fosse o vitorioso. A dramática passagem da rebeldia à insurreição coincidiu com os primeiros sintomas da doença de Cazuza e da doença do Brasil. Foi quando se começou a sentir um processo paralelo, do sentido moral do país que se esgarçava, enquanto o sistema ideológico do compositor se deteriorava. Com uma diferença a olhos vistos, Cazuza reagia com fúria de fera ao ataque mortal, o país assistia como um carneiro à sua própria decomposição moral. Cazuza derrubou a hipocrisia e, não podendo vencer fisicamente a Aids, atingiu-a moralmente, atacando suas principais síndromes. Impediu que ela revogasse a imaginação, a fantasia e o prazer.”
E essa conclusão do próprio Cazuza, mais do que certeira: “Antigamente era mais fácil você ser de direita ou de esquerda, ser careta ou ser doidão, as coisas eram mais definidas. Hoje ninguém mais pode escolher caminhos porque os caminhos perderam a nitidez.”
Lu Lacerda
Acesse o site da Lu Lacerda e leia o artigo na íntegra.
Universidade Estadual do Rio de Janeiro - UERJ
Faculdade de Formação de Professores - FFP
Programa de Pós-Graduação em História Social - PPGHS
Doutorado em História
Doutorando: Arthur Moura (bolsista FAPERJ)
Projeto: Cinema Político Independente no Rio de Janeiro (2000-2020): conflitos de classe na produção cinematográfica
Orientador: Dr. Gelsom Rozentino de Almeida
Co-orientadora: Dra. Sonia Maria de Almeida Ignatiuk Wanderley
Pesquisa Cinematográfica: J. A. Lourenço Soares - Mestre em Cinema (PPGCine/UFF)
“AS MULHERES SÃO A CHAVE NO FUTURO DO CINEMA BRASILEIRO”
À convite da Bazaar, os cineastas se reuniram para uma conversa franca sobre o cenário cinematográfico nacional.
Cacá Diegues e Bruno Mazzeo na gravação do documentário sobre Chico Anisio.
Gravação do documentário 1961, de Amir Labaki. Foto: Amir Labaki e Cacá Diegues, outubro 2023
Cacá Diegues Aconteceu na noite de quinta-feira, dia 31 de agosto, no Casarão do Grupo Nós do Morro, no Morro do Vidigal, Rio de Janeiro. O debate após a sessão contou com a presença do cineasta Cacá Diegues, mentor e produtor do bem sucedido projeto do filme realizado em 2010. Como disse Luciana Bezerra, uma das diretoras: "Agradecida ao Cacá por acreditar no Cinema Brasileiro, no Cinema popular e na força dele para a transformação do povo. Porque pra mim, cria de Guti Fraga, o filósofo do sonho, cinema sempre foi sobre isso. E isso uniu a familia5xfavela."
Cacá Diegues O filme Bye Bye, Brasil, de Cacá Diegues, foi exibido no último 25 de agosto, na tela grande no Estação Botafogo, em razão da Mostra dos 60 anos da LCBarreto Produções. Cacá contou histórias sobre as locações, elenco, a ideia do título e a preparação para um filme de estrada feito em 1979. O debate teve a presença da atriz Zaira Zambelli, do cineasta Bruno Barreto, da representante da LCBarreto, Julia Barreto, mediado por Diego Alexandre.
Depois de quatro anos sem ser realizada, inclusive por causa da pandemia, acontece nesta sexta-feira (11) a abertura da 10ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas. Confirmaram presença no evento, escritores e intelectuais renomados, como o filósofo e líder indígena Ailton Krenak, o escritor Itamar Vieira Junior, autor dos romances Torto Arado e Salvar o Foto, e o antropólogo Kabengele Munanga. Também participam do evento a escritora Paula Pimenta, o cartunista Carlos Ruas e Carla Akotirene, reconhecida pesquisadora sobre o tema da interseccionalidade. A Bienal também fará homenagens especiais, como ao cineasta Cacá Diegues, patrono do evento...
Marco Lucchesi, Cacá Diegues e Antônio Torres (respeito, hein!, todos imortais — rs) embarcam para a 10ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas, que começa na sexta (11/08), para participar de debate sobre o poeta alagoano Jorge de Lima, no ano dos 130 anos de seu nascimento e 70 de morte, a convite da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), no sábado (12/08). A mediação será de Rostand Lanverly, presidente da Academia Alagoana de Letras. A bienal vai até 20 de agosto, no Centro Cultural e de Exposições Ruth Cardoso, em Maceió, com o tema “Defender a Vida, Proteger o Planeta e Humanizar a Sociedade”...
Um dos pontos altos do estande da Imprensa Oficial Graciliano Ramos, durante a 10ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas, é o lançamento da obra completa do autor Breno Accioly, na sala Siriguela, neste domingo (13), às 19h. Considerado um dos grandes contistas brasileiros, o autor terá sete obras lançadas durante o evento, sendo duas delas totalmente inéditas. No evento de apresentação da coleção Breno Accioly haverá também um bate-papo com Cacá Diegues, Edilma Bomfim, Golbery Lessa, Márcio Ferreira, Heloísa de Moraes e José Geraldo Marques...
Cartaz do evento
Exibição do Deus é Brasileiro, em Penedo, sertão Alagoano, no dia do aniversário de 83 anos do Cacá.
Na próxima terça-feira, 4 de abril, as 11 horas, o Centro Universitário Belas Artes, de São Paulo, inaugurará o estúdio do curso de Cinema com o nome do cineasta e padrinho do curso de graduação, lançado em 2022. Os Estúdios de Cinema (Ilhas de edição, Stop-Motion, Camarins, Salas de Maquiagem, Guarda-roupa e Acervo) “Cineasta Cacá Diegues” estão localizados na denominada Unidade 5, na Rua Dr. Álvaro Alvim, 90, na Vila Mariana.
Prestes a completar 83 anos, em 19 de maio, Carlos José Fontes Diegues nasceu em Maceió (AL) e possui relevância ímpar para a história do cinema brasileiro. Além de ser o único diretor vivo da fase inaugural do denominado Cinema Novo, o movimento cinematográfico brasileiro de maior reconhecimento internacional, ele possui em sua cinematografia grandes clássicos como "Ganga Zumba", "Quando o Carnaval Chegar", "Joanna Francesa", "Xica da Silva", "Chuvas de Verão", "Dias Melhores Virão", "Bye Bye Brasil", "Tieta do Agreste", "Deus é Brasileiro" e "O Grande Circo Místico".
O cineasta está próximo de lançar seu vigésimo filme, "Deus Ainda é Brasileiro", rodado no final do ano passado e no início de 2023, e possui uma relação muito próxima com o curso de Cinema do Centro Universitário Belas Artes, de São Paulo, tendo dado uma aula magna no primeiro dia do curso, como padrinho do mesmo, e na primeira aula do segundo semestre, quando serviu de fonte de inspiração para os alunos realizarem os principais trabalhos práticos do semestre, denominados Projeto Integrador Multidisciplinar (PIM).
Mais informações em (11) 999285464 ou guilherme.bryan@belasartes.br
Depois de seis semanas, a filmagem de “Deus ainda é brasileiro”, de Cacá Diegues, em Piranhas, sertão de Alagoas, vai até esta quarta (14/12) como previsto, dentro do prazo. Na imagem, parte da equipe que fez os dois filmes: “Deus é brasileiro”, em 2003 e “Deus ainda é brasileiro”, em 2022, ou seja, há 19 anos. daquelas situações, mas não é uma continuação. Esse filme aborda um outro momento da nossa história, em que Deus retorna ao Brasil para tentar recuperar a esperança na humanidade. Eu costumo dizer que esse filme é uma comédia cívica, por causa do seu tom patriótico", destaca o cineasta. "Além disso, o filme convida o espectador a refletir sobre o nosso momento político e de que forma podemos contribuir para a política brasileira", finaliza.
Cacá Diegues, Renata Magalhães e Antonio Fagundes /Foto: Site Lu Lacerda
Com suas oito décadas de vida, o cineasta alagoano Cacá Diegues inicia a produção do seu 20º filme: Deus Ainda é Brasileiro. O início das filmagens do longa iniciou em novembro e será inteiramente rodado em Alagoas, tendo como palco cidades como Maceió, Ipioca e Piranhas. A nova obra de Diegues reflete o Brasil quase 20 anos após o primeiro "Deus" (como Cacá se refere ao "Deus é Brasileiro", rodado em 2003), e não é uma continuação deste, como ele mesmo explica, mas uma sátira da nova realidade política brasileira.
“Prefiro dizer "Deus Ainda é Brasileiro" se trata de um spin-off, pois é um filme saído daqueles personagens, daquelas situações, mas não é uma continuação. Esse filme aborda um outro momento da nossa história, em que Deus retorna ao Brasil para tentar recuperar a esperança na humanidade. Eu costumo dizer que esse filme é uma comédia cívica, por causa do seu tom patriótico", destaca o cineasta. "Além disso, o filme convida o espectador a refletir sobre o nosso momento político e de que forma podemos contribuir para a política brasileira", finaliza.
Foto de Celso Brandão
O longa-metragem conta novamente com o ator Antônio Fagundes no papel de “Deus”, e com as atrizes alagoanas Ivana Iza, como Madá, e Laila Vieira, como Linda, a protagonista da história e ainda Otávio Muller como Carlitão e Bruce Gomlevsky como Quincas das Mulas. A equipe da LC Barreto Produções está em Maceió para contratar setenta por cento dos profissionais que trabalharão no filme, incluindo produção e atores. Um dos propósitos do projeto é gerar empregos na região e movimentar a economia por meio do cinema. "Depois de dois anos difíceis para o setor cultural e audiovisual estamos orgulhosos de rodar um filme desse porte em Alagoas. "Deus Ainda é Brasileiro" naturalmente vai concorrer a prêmios e participar de festivais internacionais, já que leva a assinatura de dois monstros do cinema nacional - Cacá Diegues e Luiz Carlos Barreto. Alagoas ganhará uma visibilidade muito estratégica com o longa, pois vai divulgar o destino Alagoas para o mundo por causa das locações incríveis que esse lugar oferece, como o Ipioca Beach Resort, por exemplo, onde vamos construir uma oca de 40 m2 que ficará como legado para o empreendimento. O filme vai fomentar ainda mais o turismo, atrair investimentos internacionais e, consequentemente, movimentar a economia trazendo desenvolvimento para a toda região", afirma Paula Barreto, produtora do filme.
“Para nós está sendo um privilégio trabalhar com a mão-de-obra alagoana. Estamos encantados com Alagoas e seu povo, que nos recebeu tão bem. Existe muita gente boa no setor audiovisual em todo o País querendo trabalhar, com um potencial incrível fora do eixo Rio-São Paulo. Por isso, quem quiser aprender sobre esse universo está convidado a nos procurar e contribuir com o nosso longa”, ressaltou a produtora-executiva da LC Barreto, Bruna Dantas.
Foto de Paula Fernandes - @paulalouisefs
A lista com os nomes dos atores que vão integrar o elenco do filme “Deus Ainda é Brasileiro” será divulgada em breve. O longa será distribuído pela Imagem Filmes.
Fotos de Paula Fernandes - @paulalouisefs
Sobre o cineasta
Nascido em Maceió, Carlos José Fontes Diegues é o segundo filho do antropólogo Manuel Diegues Júnior e de uma fazendeira. Aos 6 anos de idade, sua família mudou-se para o Rio de Janeiro e se instalou em Botafogo, bairro onde passou toda sua infância e adolescência. Cacá Diegues formou-se em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), tornou-se presidente do Diretório Estudantil onde fundou um cineclube e iniciou suas atividades de cineasta amador. Diegues é considerado um dos líderes do Cinema Novo, juntamente com Glauber Rocha, Leon Hirszman, Paulo Cesar Saraceni e Joaquim Pedro de Andrade. Em agosto de 2018, o cineasta foi eleito novo imortal da Academia Brasileira de Letras, na cadeira de nº 7, que já foi ocupada pelo escritor Euclides da Cunha.
Entrevista do Cacá Diegues na Revista Veja
Um dos grandes cineastas brasileiros diz que submergiu por tanto tempo para lidar com o luto e que novo filme é uma forma de expurgar os anos Bolsonaro.
Por Ernesto Neves, Mafê Firpo Atualizado em 21 março 2023.
Leia a entrevista do Carlos Diegues para a Revista Veja, na íntegra...
Premiações e Eventos
Sessão especial comemorativa 60 anos de carreira do diretor Cacá Diegues. 21 de setembro, quarta 20:30.
Estação Net Botafogo.
Bate-papo com Cacá Diegues, Betty Faria, Zaira zambelli, Lucy Barreto, Mair Tavares e mediação de Breno Lira Comes.
Fapeal, Imprensa Oficial Graciliano Ramos, Edufal e Eduneal celebraram os 200 Anos da Independência do Brasil em Alagoas no dia 23 de março de 2022, no Teatro Deodoro, com exposição, apresentação musical da banda Divina Supernova, lançamento de livros, sessão de autógrafos e um bate-papo especial com o cineasta Cacá Diégues. O evento foi gratuito e aberto ao público.
Diretor de filmes consagrados no Brasil como “Bye, bye Brazil” e “Xica da Silva” , Cacá Diegues foi homenageado no final do 6º Paulínia Film Festival. O troféu Menina de Ouro foi dado pelo curador da mostra, Rubens Ewald Filho.
Cacá foi convidado juntamente como o músico Edu Lobo para participar de um debate na 12ª FLIP (Festa Literária Internacional de Paraty). O papel central de Carlos Diegues na cultura do país remonta aos primórdios do Cinema Novo, do qual foi um dos articuladores. Nascido em Maceió, em 1940, inaugurou sua carreira profissional em 1961, ao filmar “Escola de Samba Alegria de Viver”, episódio do longa Cinco vezes favela (1961).